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Timidez

Limites são sempre bons, ainda mais quando se trata de algo que pode atrapalhar nossa vida. E uma das coisas que mais atrapalha é a timidez; seja ela em relação a meninas, a fazer amigos ou para falar na frente das pessoas.

A gente notou que grande parte dos meninos passa por esse problema na adolescência e resolveu conversar com uma psicóloga comportamental para ajudar a solucionar esse problema. Batemos um papo com a mestre, doutoranda em psicologia clínica e professora e supervisora no Paradigma – Núcleo da Análise do Comportamento, Giovana Del Prette, que logo de início nos explicou que a timidez não pode ser considerada doença pois não figura no sistema de classificação clínica.

Mas se nós formos pensar em doença, não clinicamente falando, mas como mania ou vício, a timidez é uma mania que pode destruir seu convívio social. “O padrão de relacionamento do tímido, quando em graus mais intensos, pode fazer parte de alguns transtornos como a Fobia Social”, explica Giovana.

A psicóloga mostra que os caminhos da timidez são diversos – “Os contextos variam, como falar em público, receber críticas, ser apresentado para alguém, manter conversas, paquerar…” – e a consequência para quem mantém esse comportamento é se esquivar da aversividade das situações sociais citadas, ou seja, fugir do contato com outras pessoas ou daquilo que o aflige.

O que é difícil é reconhecer que a timidez está prejudicando sua vida. “Existem garotos mais quietos e outros mais extrovertidos, e essa variação é normal, desde que não resulte em prejuízos e sofrimento no dia-a-dia”, diz Giovana. Mas existe, sim, um limite para esse problema.

“O retraimento social pode ‘passar dos limites’ quando o garoto percebe que perde muitas oportunidades de ter boas interações sociais, conhecer pessoas, ter uma turma, escolher os colegas para fazer trabalhos em grupo, defender seus direitos, tirar dúvidas na sala de aula, ficar com uma menina pela qual se interessou; em suma, deixa de exprimir seus pensamentos e sentimentos, e frustra-se frequentemente com isso”, delimita a psicóloga.

E como driblar esses problemas? Como fugir da timidez e conseguir seguir em frente na vida e ainda falar com garotas? A especialista explica que quanto menos você se arriscar, menos adquirirá formas de “ aperfeiçoar suas habilidades de aproximação”.

Ela ainda explica que observar a maneira que seus amigos usam para falar com as meninas e imitar alguns comportamentos, dos mais simples aos mais complexos. Começar com uma pergunta ou um pedido simples é a melhor opção. “Como: ‘Me empreste uma folha de caderno?’, pois são interações mais curtas e com menos probabilidade de rejeição”. Com isso você vai conseguir ficar mais seguro, depois de algum tempo e então pode aumentar a dificuldade de interação.

Uma dica importante da psicóloga é observar onde você fica mais à vontade para interagir com as pessoas – na sala de aula, no shopping com amigos ou na festa – e começar essa interação com metas simples, partindo depois para as complexas – “Como pedir para ficar com a garota, e estar preparado tanto para o sim quanto para o não”. Fazer terapia também é uma boa pedida, é eficaz e tem exercícios personalizados para cada caso particular.

Se o seu problema é falar em público, comece treinando em casa, escreva uma “cola” do que vai dizer, com pontos principais e fale olhando para o espelho ou com seus pais. Na classe, na hora de apresentar um trabalho, por exemplo, “olhe mais para os colegas atentos e menos para os zombeteiros e coloque as mãos nos bolsos para não mostrar tremor”.

Não é fácil e leva tempo, mas vale a pena dar um passo de cada vez e driblar o problema, não vale? Você já passou por isso? Comente!

Fonte: Ig Jovem