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Os altos e baixos do Transtorno Bipolar do Humor

Quem nunca passou por momentos de extrema alegria ou por dias tristes levante a mão. Impossível! Afinal, esses sentimentos fazem parte da existência humana. Entretanto, algumas pessoas passam pelas variações de humor indo da euforia extrema à depressão profunda com maior intensidade, de maneira crônica. São os chamados bipolares.

 Variações de humor ou mudanças de comportamento não são sinônimos de transtorno bipolar e sim respostas do organismo aos estímulos do ambiente. Mas, parece que hoje em dia a palavra “bipolar” é usada cada vez mais para descrever pessoas que são mais intensas e não se encaixam nos padrões da sociedade. Hora estão tristes, hora estão felizes.

Em primeiro lugar, é importante entender que todos nós estamos sujeitos às mudanças de humor. O que diferencia então um portador do transtorno bipolar do humor (TAB)?

A vida de uma pessoa portadora do transtorno bipolar é uma verdadeira montanha-russa de emoções. A doença se caracteriza por alterações de humor, que se manifestam em episódios depressivos alternados com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade, ao longo da vida. Entretanto, estas oscilações de forma geral acontecem geralmente em períodos de tempo bem demarcados, normalmente de semanas ou até meses. E, em pacientes portadores de transtorno bipolar do humor, estas mudanças de humor acontecem independente dos fatores externos. Ou seja, ela pode estar muito feliz, eufórica ou animada (ou até muito irritada) em um momento em que normalmente ela mesma não agiria desta forma. O mesmo vale para sintomas depressivos: A pessoa se sente triste, desanimada, cansada e sem energia, sem motivo.

O transtorno bipolar (TB) é uma condição médica frequente que se apresenta clinicamente em diferentes formas. O TB do tipo I se caracteriza pela presença de episódios de depressão e de mania (ou euforia) e atinge cerca de 1% da população em geral. Considerando-se os quadros mais brandos, do que hoje se denomina “espectro bipolar”, como o Transtorno Bipolar do tipo II (caracterizado pela alternância de depressão e episódios mais leves de euforia ( – hipomania), a prevalência pode chegar a até 8% da população. Assim, estima-se que cerca de 1,8 a 15 milhões de brasileiros sejam portadores do TB, nas suas diferentes formas de apresentação.

Diagnóstico e tratamento são fundamentais

A boa notícia é que, se diagnosticada e tratada adequadamente, é possível que o paciente se mantenha estável, permitindo ao seu portador levar uma vida normal. O transtorno bipolar pode se manifestar na infância, na adolescência ou na fase adulta. A doença não faz distinção entre homens e mulheres, classe social, raça, etc.

O maior desafio ainda é o diagnóstico. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, a doença pode levar até 10 anos para ser detectada. É preciso seguir o tratamento adequadamente, além de vencer as barreiras do preconceito e da marginalização dos portadores.

Vale lembrar que grandes artistas já assumiram publicamente que têm a doença como o ator Maurício Mattar e a estrela teen, norte-americana, Demi Lovato. Outros famosos ilustres eram bipolares como Marilyn Monroe, Cary Grant, Napoleão Bonaparte e Van Gogh. Hollywood também aproveitou o tema para produzir o filme “Mr. Jones”, interpretado pelo ator Richard Gere, que encanta o público nas fases de mania quando se torna divertido, atraente e criativo, chocando a platéia ao subir no palco de um teatro e reger um concerto.

Causas

As causas ainda não estão totalmente esclarecidas, porém, de acordo com a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, a base genética da doença é bem estabelecida: 50% dos portadores apresentam pelo menos um familiar afetado, e filhos de portadores apresentam risco aumentado de apresentar o transtorno quando comparados com a população em geral.

Além da genética, alguns estudos já mostraram a relação do uso de drogas, alguns medicamentos estimulantes, cafeína e refrigerantes de cola como possíveis desencadeadores das crises da doença, assim como situações adversas como a maternidade ou a paternidade, morte de entes queridos, demissão ou estresse crônico.

Embora os fatores que possam gerar uma crise sejam importantes, vale ressaltar que o bipolar nem sempre necessita de algum acontecimento. O portador do transtorno entra em depressão ou em euforia, muitas vezes, sem qualquer motivo aparente.

 

Sinais e Sintomas

O transtorno bipolar é caracterizado por mudanças bruscas no humor, não relacionadas às situações de vida, ao longo de dias ou semanas. Os sintomas da doença são classificados como os da fase maníaca e os da fase depressiva:

Sintomas da fase maníaca

  • Alegria inabalável;
  • Agitação extrema, física e mental;
  • Fala rápida, incessante, indo de um assunto para o outro rapidamente;
  • Idéias grandiosas;
  • Aumento do desejo sexual;
  • Comportamentos de risco, como fazer sexo sem proteção, comprar sem parar, dirigir em alta velocidade, usar drogas;
  • Insônia, o paciente não sente vontade nem necessidade de dormir;
  • Sensação de ter poderes especiais.
  • Dificuldade de manter a atenção concentrada, sensação de muitas idéias ao mesmo tempo
  • Aumento da energia
  • Vontade de realizar muitos projetos ao mesmo tempo
  • Extrema irritabilidade

Sintomas da fase depressiva:

  • Tristeza, irritabilidade;
  • Perda ou aumento de apetite;
  • Dificuldade de concentração;
  • Baixa auto estima;
  • Pensamentos de morte ou suicídio;
  • Perda de interesse nas coisas que antes davam prazer;
  • Baixa energia, cansaço crônico;
  • Dificuldade para dormir.

 

Estilo de vida

O portador do transtorno bipolar pode adotar estratégias para reduzir as chances de entrar em crise. Um estilo de vida saudável é fundamental, como:

  • Dormir bem;
  • Manter uma rotina;
  • Praticar atividade física regularmente, se possível 30 minutos por dia;
  • Adotar uma alimentação saudável;
  • Seguir rigorosamente o tratamento proposto pelo médico;
  • Evitar substâncias que possam agravar o humor bipolar como cafeína, álcool e drogas;
  • Descobrir formas de relaxar e de se divertir;
  • Frequentar grupos de apoio podem ajudar, para compreender que outras pessoas passam pelo mesmo problema, com dores, angústias e dúvidas. Compartilhar faz bem.

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O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais empreenda qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.