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Estenda uma mão, salve uma vida

O mês de setembro foi escolhido pela Internacional Association for Suicide Prevention (IASP) para reforçar a importância de se falar sobre um tema, aparentemente desconfortável para a maioria das pessoas: o suicídio. A IASP criou em 2003 o movimento “Setembro Amarelo”, que este ano chegou ao Brasil, que está no ranking dos 10 países com maior número de suicídios no mundo.

O suicídio ainda é considerado um tabu pela sociedade, entretanto é fundamental estimular os  debates sobre o assunto para conscientizar a população. O suicídio é considerado um problema de saúde pública. Segundo um relatório do Centro de Valorização da Vida (CVV), a cada 45 minutos um brasileiro comete suicídio, totalizando 32 vidas perdidas todos os dias. No mundo, a estatística é ainda mais estarrecedora: a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida.

Torna-se, portanto, fundamental incentivar a discussão sobre os motivos que levam uma pessoa a tirar a própria vida e como é possível ajudar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídios podem ser prevenidos, portanto a conscientização é crucial para reduzir o número de vidas perdidas.

 

O que leva uma pessoa a cometer suicídio?

Cerca de 90% dos casos estão relacionados com problemas mentais como a depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e abuso de álcool e drogas. A dependência química aumenta em 15% o risco de cometer suicídio. Outros fatores como perda de emprego, problemas financeiros, luto e divórcio também podem levar uma pessoa a tirar a própria vida.

O suicídio é cometido, na maioria dos casos, pelos homens, na razão de 3,8 para 1. De acordo com Botega et.al. 2005, de cada 100 habitantes:

  • 17 já pensaram em suicídio
  • 5 planejaram o suicídio
  • 3 tentaram o suicídio
  • Apenas 1 é atendido em um pronto-socorro

 

Quando a vida perde a graça

Imagine que você está em uma sala com 25 pessoas. Agora imagine que 5 delas já pensaram em suicídio. E o que leva uma pessoa a pensar em tirar a própria vida? Desespero, angústia, tristeza, efeito de álcool e drogas e problemas mentais não tratados.

Outro ponto em comum das pessoas que consideram o suicídio como uma maneira de escapar das dores e dos problemas da vida é a sensação de que não são compreendidas, nem escutadas por ninguém. A vida perde o sentido e o mundo ao redor fica sem graça. Por isso, a campanha do “Setembro Amarelo”, reforça a importância de estender uma mão para salvar uma vida.

Não há uma explicação objetiva para o suicídio, o que sobra quando isso acontece é uma tristeza silenciosa. Mas, esse silêncio precisa ser quebrado, é preciso sim discutir o suicídio e encontrar maneiras de preveni-lo.

 

Prevenção
A saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Uma vez que problemas como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, dependência química e outros distúrbios psiquiátricos representam os principais fatores de risco para o suicídio, é fundamental promover o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dessas doenças.
Conheça os sinais de alerta
A ameaça de suicídio sempre deve ser levada a sério. Chegar a esse tipo de recurso indica que a pessoa está sofrendo e necessita de ajuda. Grande parte das pessoas que têm a intenção de se matar expressam os pensamentos e intenções suicidas. Estima-se que pelo menos dois terços das pessoas que tentam se matar ou que se matam havia comunicado, de alguma maneira, a intenção para amigos, familiares ou conhecidos.

A regra dos 4D

É preciso ficar atento ao que é dito. Nas frases de pessoas com comportamento suicida costumam estar presentes sentimentos de depressão, desesperança, desamparo e desespero, conhecidos com a regra dos 4D. Veja alguns exemplos:

 “Eu já sei o que vou fazer” /“Eu não aguento mais”/ “Os outros vão ser mais felizes sem mim”

Onde buscar ajuda
Quando há risco de suicídio é preciso buscar ajuda profissional. Entretanto, a família e os amigos são fundamentais e devem oferecer apoio constante. Segundo a OMS, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos. O ideal é procurar ajuda de um médico psiquiatra, que poderá orientar o melhor tipo de conduta a ser tomada. Algumas pessoas precisam de intervenção imediata, por isso o médico é o único profissional habilitado para cuidar de casos como estes.

Como ajudar?     

  • A pessoa que pensa em suicídio está mergulhada em um intenso e verdadeiro sofrimento. Portanto, a primeira atitude é a compreensão
  • Leve a sério e procure ajuda de um médico, que é o profissional que está preparado para lidar com um comportamento suicida
  • Se morar com a pessoa, tire do alcance dela remédios, instrumentos cortantes e não a deixe sozinha
  • Se for preciso, chame o SAMU (192)
  • Mostre interesse e preocupação pela pessoa
  • Não critique, nem agrida
  • Tente descobrir o plano suicida (ex: tomar remédios, jogar-se de uma ponte ou da janela, cortar os pulsos, etc.). Com isso, você pode eliminar os riscos, tirando os objetos que poderiam ser usados para a pessoa cometer o ato ou evitando que ela se aproxime dos lugares citados no plano

Lembre-se: Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir e encontrar o apoio de profissionais devidamente habilitados para lidar com essas situações.

Nota: O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) publicaram, em 2014, uma cartilha denominada “Suicídio: Informando para prevenir“. Você pode ter acesso completo à cartilha aqui.

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O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais empreenda qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.