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Controle a ansiedade antes que ela controle você!

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Nos primórdios da humanidade, quando nossos ancestrais moravam em cavernas, era comum que ficassem ansiosos quando um animal feroz atacava a tribo ou quando precisavam caçar a própria comida.

No mundo moderno, os perigos são outros, como violência urbana, desemprego, divórcio, crises econômicas e o próprio ritmo frenético do dia a dia. Com isso, a ansiedade é um sentimento que acompanha todos nós, de alguma maneira, a vida toda.

A ansiedade é um sentimento inerente do ser humano e necessário para a sobrevivência. Entretanto, diferente do medo, que é uma resposta a algo conhecido, a ansiedade pode ser mais vaga. Ela advém de uma preocupação, ou seja, de uma antecipação que fazemos sobre a probabilidade de algum evento não dar certo ou ter impactos negativos.

Isso quer dizer que ficar ansioso antes de uma viagem, de uma entrevista de emprego ou de um encontro amoroso é perfeitamente normal e acontece com a maioria das pessoas. Excitação, medo, expectativa e falta de controle sobre o futuro são apenas alguns gatilhos que podem disparar a ansiedade em cada um de nós. Com isso, muitas pessoas se esquecem de viver o presente para viver algo que ainda nem aconteceu, o que só faz piorar o sentimento de ansiedade.

Ansiedade fora de controle: sinal de alerta

Quando não há uma situação palpável que possa gerar ansiedade, ou seja, quando se sofre generalizadamente ou diante da maioria dos eventos da vida, é preciso ficar atento. A ansiedade surge em nossas vidas em forma de apreensão, medo, sensação de que algo ruim vai acontecer, constante estado de alerta, pressa, etc. É o não aproveitar o domingo, com pensamentos fixos sobre a segunda-feira.

A ansiedade em excesso passa a ser um transtorno mental quando começa a se manifestar continuamente, de forma acentuada e trazendo sofrimento. Nesse sentido, muitas vezes ocorrem até mesmo sintomas físicos, além dos efeitos emocionais. Normalmente, a ansiedade chamada de patológica é totalmente desproporcional ao estímulo e pode ser desencadeada por simples acontecimentos da rotina diária, por exemplo, ir ao mercado ou ir trabalhar.

Um dos diagnósticos possíveis envolvendo ansiedade patológica é o de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Contudo, a ansiedade  pode estar associada a outros diversos transtornos como fobias (medos), síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e estresse pós-traumático. Somente um médico psiquiatra pode dar o diagnóstico correto e, para isso, ele irá descartar todos os outros possíveis fatores que geram ansiedade, incluindo transtornos mentais, uso de medicamentos, drogas, doenças do metabolismo, etc.

A característica essencial do Transtorno de Ansiedade Generalizada é a apreensão ou a preocupação excessiva, que ocorre na maioria dos dias e que dura, pelo menos, seis meses. O paciente se sente em  estado permanente e prolongados de ansiedade. Pessoas com TAG dificilmente conseguem controlar esses pensamentos e sentimentos e apresentam sintomas físicos e psicológicos, que variam muito e incluem:

  • Preocupação crônica e excessiva
  • Agitação intensa
  • Cansaço
  • Dificuldade de concentração e esquecimentos
  • Irritabilidade
  • Insônia
  • Dores musculares ou de cabeça constantes
  • Suor excessivo
  • Mãos e pés frios
  • Palpitação ou aceleração do ritmo cardíaco
  • Dores no peito
  • Enjoos, vômitos e diarreia
  • Boca seca
  • “Nó na garganta” ou “bolo no estômago”

Muitas vezes, os ansiosos não conseguem identificar seu problema, considerando a característica como parte da personalidade, do jeito de ser. Entretanto, os portadores do transtorno quase que invariavelmente apresentam prejuízos no trabalho, na vida social, na vida familiar e em aspectos emocionais.

Estudos mostram que pessoas com transtorno de ansiedade generalizada demoram cerca de 15 anos para pedir ajuda. O curso da doença é crônico, com pequenos períodos de melhora. Geralmente, os pacientes só procuram ajuda médica quando percebem algum prejuízo, seja no trabalho ou na vida profissional. Estima-se que 4 de cada 5 pessoas com depressão desenvolveram a doença devido a um quadro de ansiedade não tratado.

Grupo de Risco

O transtorno da ansiedade generalizada ocorre duas vezes mais nas mulheres que nos homens, sendo o tipo mais comum de transtorno de ansiedade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de prevalência do TAG é de 3 a 8%.

Como lidar com a ansiedade?

Aqui vão algumas dicas que podem ajudar você a lidar com sua ansiedade no dia a dia:

  • Organização

Toda pessoa ansiosa costuma dizer que tem muitas coisas para fazer. No mundo atual, todos temos. Mas, preocupar-se demais não irá fazer as coisas acontecerem. A dica é colocar no papel, por escrito mesmo, todas as tarefas do dia a dia e ir eliminando da lista aquelas já cumpridas. Isso vale tanto para pessoas que trabalham em escritórios, como para donas de casa, mães, etc.

  • Alimentação saudável

Alguns alimentos e bebidas tendem a piorar os quadros ansiosos como cafeína, chocolates e doces em geral. Bebidas alcóolicas também não são indicadas para pessoas muito ansiosas. Invista em frutas, verduras, legumes, grãos integrais e produtos pobres em gordura. Além disso, coma cada três horas e mastigue os alimentos com calma para evitar desconfortos digestivos, comuns nos ansiosos.

  • Exercícios físicos

A atividade física é fundamental para o corpo e para a mente. Pessoas ansiosas podem buscar atividades para extravasar a energia, mas também para aprender a se acalmar e relaxar. Natação, hidroginástica, caminhadas, meditação e yoga são alguns bons exemplos. Lembre-se: é importante adotar uma rotina regular, como por exemplo, 30 minutos todos os dias ou 60 minutos, de 3 a 5 vezes por semana.

  • Sono

A qualidade do sono é muito importante para restabelecer a saúde, tanto física como mental. A ansiedade, na grande maioria dos casos, pode levar à insônia. Portanto, para os mais ansiosos é importante criar uma rotina do sono. Dormir sempre no mesmo horário, evitar bebidas estimulantes ou exercícios antes de deitar, não assistir TV ou usar o computador no quarto, escurecer o ambiente e tomar um banho morno, antes de ir para a cama, são boas estratégias.